Um livro fascinante
“The Power of Stupidity”

 
Kali


Maria Isabel não deve viver
em um mundo dominado
por o poder da estupidez

Por Flávio Corrêa – Junho de 2009


tradução inglês


Não vou escrever sobre o poder da estupidez, a queda do avião da Air France, terceiro mandato, a doença da Dilma, os recorrentes escândalos do Senado, recessão, crise, marolinha, a demissão do Muricy Ramalho, o melancólico fim da Sadia, etc., alguns dos assuntos que dominam as manchetes dos jornais.

Mas não posso deixar de mencionar que acabo de receber um livro fascinante, que seu autor, meu amigo Giancarlo Livraghi, me mandou diretamente de Milão. Título da edição em inglês: “The Power of Stupidity”. Um ensaio brilhante que nos prova, entre muitas outras coisas, que o mundo é dominado pela estupidez, que ela produz efeitos devastadores sobre a humanidade e que nunca devemos subestimar o seu poder: ela está em todos os lados e dentro de nós mesmos.

Há muito mais estupidez no mundo do que inteligência. Lamentavelmente.

Se Giancarlo não tivesse razão, não estaríamos pranteando a morte dramática de 228 passageiros destroçados contra o mar por causa de uma pecinha, de um pequeno componente de um avião altamente sofisticado que custam milhões de dólares. Quem foi o estúpido que não se deu conta que isso poderia acontecer?

Não estaríamos argumentando ferozmente pró e contra o terceiro mandato, que parece estar definitivamente sepultado. Parece... Afinal, quando Fernando Henrique passou a emenda da re-eleição, a Constituição de 1988 foi estuprada. Deixou de ser virgem. Mais uma penetração não mudaria substancialmente a anatomia política. Se o segundo mandato não foi uma ameaça à democracia, o terceiro também não deveria ser. Democracia é o governo do povo para o povo, e com 80% de popularidade e altíssimo índice de aprovação, Lula, se tri-eleito, não estaria fraudando a vontade da esmagadora maioria dos brasileiros. Mas, parece que o terceiro mandato já era. Especialmente para aqueles que, mais eruditos e culturalmente mais aptos, esquecem com velocidade estonteante as lições da história, que geralmente se repete. Esqueceram, por exemplo, de D. Pedro e do Dia do Fico... Esqueceram do poder da estupidez.

Não estaríamos certamente debatendo a enfermidade da Ministra Dilma, e se ela a incapacitaria para o exercício de uma eventual Presidência da República ou não. Não estaríamos nos posicionando a favor e contra o avanço da ciência, que hoje derrota doenças antes incuráveis e faz com que o grande desafio da civilização seja o envelhecimento da população. Mais uma crise de estupidez.

Não estaríamos estarrecidos com as sucessivas nojeiras do Congresso e com as imundícies que o Senado mais uma vez joga na cara dos cidadãos, excrementos estes, vários deles, produzidos pelo seu próprio Presidente.

Não estaríamos enfrentando na carne os efeitos da “marolinha”, que nos trouxe recessão e crise no bojo de inomináveis roubalheiras perpetradas pelo “mercado”. Nesse caso, a estupidez é nossa, que entramos inocentemente no jogo e permitimos que isso tudo acontecesse. Somos estúpidos.

Não estaríamos tristes com a saída do Muricy Ramalho, que depois de um trabalho magnífico de três anos e meio, foi sumariamente demitido do São Paulo porque não levou o time à Libertadores. Uma ingratidão. Mais uma estupidez.

Não estaríamos com saudade da Sadia, que desaparece vítima de uma sucessão de estupidez gerenciais.

Giancarlo Livraghi tem razão: a estupidez sempre esteve e continua no comando.

Mas o lado bom de tudo isso é que o mundo ficou melhor e mais bonito no dia 16 de junho de 2009, quando, às 6 horas da tarde, Maria Isabel nasceu do ventre da sua jovem e bela mãe Rubiane.

Diante do espetáculo, este papai coruja não conseguiu conter sua indescritível alegria e gritou: “ela é linda!”. Naquele instante, o universo, que se preparava para mais um crepúsculo, brilhou novamente e anunciou o milagre da vida, representado por aquela criaturinha perfeita que acabava de chegar. Maria Isabel é o contra-argumento da tese do Giancarlo. Só um ato de enorme inteligência divina poderia criar Maria Isabel, a renovação da minha vida, a fulgurante estrela do meu entardecer.

Só peço que o mundo em que ela vai viver não seja dominado pela estupidez.

Flávio Corrêa    



Este artigo é também o último capítulo
do recente livro de Flávio Corrêa Curto & Grosso



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